(foto: Ricardo Machado)
ACORDAR TARDE
tocas as flores murchas que alguém te ofereceu
quando o rio parou de correr e a noite
foi tão luminosa quanto a mota que falhou
a curva - e o serviço postal não funcionou
no dia seguinte
procuras ávido aquilo que o mar não devorou
e passas a língua na cola dos selos lambidos
por assassinos - e a tua mão segurando a faca
cujo gume possui a fatalidade do sangue contaminado
dos amantes ocasionais - nada a fazer
irás sozinho vida dentro
os braços estendidos como se entrasses na água
o corpo num arco de pedra tenso simulando
a casa
onde me abrigo do mortal brilho do meio-dia
Al Berto
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7 comentários:
Xiça, xiça...vou ali abaixo à cascata e já volto "porque me apetece":):):):)
Bem!... sem palavras!
A intensidade dos seus poemas até doi.
Apetece-me sempre levantar tarde.
deve ser por teres de te levantar cedo, Peciscas; pelo menos era o que me acontecia a mim, agora consigo ficar na cama até às 9h da manhã, facto que julgava impensável...
Mais um belo poema e forte dum dos meus poetas preferidos.)
Obrigada:)
A ilustração está linda:)
beijos
Também gosto desta mas preferia que não te chamasses ninguém :-)
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