quarta-feira, 23 de maio de 2007

Coragem II



Quando pensamos estar a viver um dos piores momentos da nossa vida, por vezes acontece algo ainda mais destruidor que nos faz equacionar e relativizar, todas as situações.
Assim estava eu no domingo passado, quando pensava sobre o futuro da Jota e no seu sofrimento, sentindo-me a “pessoa mais infeliz do mundo”, quando recebo a notícia de que tinha sido diagnosticado cancro na tiróide, já numa fase avançada, a um familiar muito próximo...
Claro que após o espanto e a incredulidade, fomos visitá-los e dar o nosso apoio da maneira que sabemos, embora tenhamos consciência de que nada pode mitigar tamanha dor, não há palavras que se transformem em força e coragem, menos ainda para alguém doutorado em Psicologia; no entanto sem saber como, lá vou buscar um pouco de boa disposição e energia positiva, para tentar aliviar a pressão de uma notícia arrasadora. Claro que ela está apavorada bem como o marido, foram pais pela primeira vez há 5 meses, depois de algumas tentativas falhadas e claro que o seu primeiro pensamento foi para a possibilidade de não criar a filha.
Arrepende-se agora de ter escolhido o Doutoramento como prioridade e deixado para depois dos 40, a maternidade; mas creio que tudo vai correr bem e apesar de me sentir abalada, não o demonstro e vou não sei onde buscar um espírito optimista.
É por estas e outras que continuo a achar que somos: NADA!! No nosso egocentrismo, achamos que podemos ditar as regras de tudo, bem como a todos...vãos sonhos de grandeza que nos limitam cada vez mais, na nossa pequenez.
Se a mim me assusta a possibilidade de a perder, nem imagino o que sentirá ela própria que achava que ia agora – finalmente – aproveitar o fruto de tanto esforço e dedicação profissional, para relaxar e aproveitar a vida familiar...
Sempre me ensinaram (embora eu nunca tenha conseguido aprender), a salvaguardar o futuro, a pensar no dia de amanhã e amealhar o mais possível; eu sempre achei que o importante era viver cada dia, da melhor maneira possível e aceitarmos o que nos é dado pela vida, nunca deixar os carinhos aprisionados nas mãos, nunca tolher as lágrimas que se nos afloram em comoção positiva e partilhar com quem gostamos, todos os abraços e afagos, gritar bem alto a nossa felicidade quando ela acontece, pois esses momentos são tão efémeros...
Nunca devemos ficar com a sensação de que não aproveitámos, ou não mostrámos o que sentíamos em determinado momento; nenhuma frase deve ficar por dizer, nenhum pedaço de vida, por viver...

13 comentários:

Fatyly disse...

O hoje é sempre diferente do ontem e amanhã, ah amanhã não sei nem me interessa.
É uma constante essas surpresas e ficamos boquiabertos com a força que nos ajuda e faz com que ajudemos a dar a volta e a encarar, valorizar e praticar dia-a-dia o que dizes na parte final do texto.
Vai correr tudo bem, essa tua familiar vai superar e daqui a algum tempo estaremos aqui na alegria que a nuvem negra e passageira já foi há muito
ou então a dizer-te que ...olha estou numa crise também, porque não é só aos outros que acontece.

Coragem II, III, IV,V, VI e vamos em frente.

Um beijo muito grande e que tudo corra pelo melhor

Toze disse...

Apetecia-me dizer aqui umas porras à vida, mas não o vou fazer !

Um beijo um Abraço

wind disse...

Li-te, mas não consigo comentar.
Beijos

ivamarle disse...

obrigada pelos votos Fatyly, uma beijoca para ti ;-)

Tozé, já sabes que este é um espaço livre e a vida merece mesmo que digamos uma série de porras sobre ela; se mudares de ideias, estás à vontade.Beijinhos e abracinhos ;-)

Olá Wind; nem tudo é passível de nos merecer algum comentário, sobretudo perante desabafos como o meu, nem sempre se nos afigura fácil o alinhamento das ideias e emoções, acontece-me muitas vezes; basta-me saber-te aí com a tua solidariedade...beijinhos ;-)

Gi disse...

Ivamarle, quantas e quantas vezes penso nas palavras com quw acabaste o teu texto e cada vez mais as tento praticar.
Quanto à tua familiar eu sei que pode ajuda mas é aniimador. Podemos viver sem a tiróide desde que se faça compensação. Num universo que não sei especificar o nº , 90% das mulheres são atingidas e só 10% dos homens. Cntudo, nesse universo de 10% , 90% t~em probabilidades do cancroo na tiroide ser maligno e no universo de 90% das mulheres só 10% o são. Destes muito raramente são fatais. É preciso esperança e sobretudo espírito positivo. Dizem que quando a cabeça não tem juízo o corpo é que paga e ela tem que criar defesas para o corpo e a todos os que a rodeiam cabe uma pequena parte.
Daqui faço força por ela.

Um beijo

peciscas disse...

É terrível como, de um momento para o outro, parece que o mundo desaba...
Mas há que tentar inventar forças para tentar ir en frente...

Lúcia disse...

não tem nada a ver, mas pede o que te mandei ao Tonito.
espero que não tenha perdido.

ivamarle disse...

Olá Gi ;-) eu sei que é assim, que é dos mais fáceis de tratar e que as probabilidades são boas, mas as metástases é que estão a "borrar a escrita toda"...só amanhã saberei quando a tencionam operar, continuo a torcer para que tudo corra bem e acredito nisso com todo o meu Ser...Beijinhos.

acho que foi essa a sensação que tive, Peciscas; mas de uma maneira ou outra sempre vou conseguindo ver uma luz, nem que seja lá muito ao fundo...Obrigada pelo empurrão ;-)

ivamarle disse...

Ó mana, tu enervaste-te ou quê? Não tens vergonha de ainda não ter juizo, com a tua idade?...eu só faço anos em Dezembro; é pequenino e jeitosinho como eu gosto, obrigada, és uma querida ;-))

Xinha disse...

Um abraço forte com muito carinho!

Inha disse...

Olha, depois do teu brilhante e sentido texto, só te posso dizer: CORAGEM!

Beijo grande, boa amiga, e um bom fim de semana.

Anonyma disse...

Vivemos tão emparedados por este mundo de regras, pressupostos, objectivos e leis que acho que nos esquecemos de viver.
E, no entanto, só temos o hoje...quem sabe o que o futuro nos reserva...quem sabe o que o amanhã nos trás...

Anônimo disse...

Oi Ivamarle

Sei que a reacção a uma notícia dessas é sempre terrível e que cada caso é um caso.

No entanto, por uma irmã minha o ter tido e maligno, como qualquer cancro (se o não for é um tumor benigno), aprendi o seguinte:
É o menos mau de qualquer cancro e só se estiver dessiminado é que é preocupante.
No entanto e por estar muito perto das cordas vocais, a operação pode provocar uma afonia (rouquidão, maior ou menor, consoante as cordas sejam mais ou menos afectadas pela cirurgia)que pode ser transitória ou permanente.
No entanto as hipóteses de vida são enormes.


espero que te tenha descansado um pouco.


Beijinhos e um bom fim de semana, pelo menos o que for possível.